Lynette Cusack, Fiona Bolton, Kelly Vickers, Amelia Winter, Jennie Louise, Leigh Rushworth, Tammy Page, Amy Salter
Sumário
Objectivo Identificar os fatores de risco mais suscetíveis de contribuir para o desenvolvimento de uma hérnia paraestomal.
Métodos Estudo retrospetivo de caso-controlo com recurso a revisão retrospetiva de notas de casos. Um hospital público e um privado da Austrália do Sul. Os ostomizados que foram submetidos a cirurgia de formação de estoma entre 2018 e 2021 e que desenvolveram ("casos", n=50) ou não ("controlos", n=50) de hérnia paraestomal foram emparelhados por tipo de ostomia. Os potenciais fatores de risco de hérnia paraestomal foram identificados a partir da literatura e da opinião de especialistas, de forma a construir uma ferramenta de revisão de notas de casos. A partir de 2018 as notas de casos foram selecionadas por data de cirurgia. Foram realizadas análises em que a regressão logística univariável investigou as relações entre potenciais fatores de risco e o desenvolvimento de hérnia paraestomal. Análises exploratórias de subgrupos investigaram se as relações entre os fatores de risco e o desenvolvimento de hérnia paraestomal diferiam de acordo com o tipo de ostomia.
Resultados As características dos pacientes foram resumidas de forma descritiva e por hospital. Foram encontradas evidências estatisticamente significativas de ligações entre o desenvolvimento de hérnia paraestomal e um BMI mais elevado ( para um aumento de 5 kg/m2, OR 1.74; 95% CI: 1.19, 2.76), infeção pós-operatória (OR: 2,68; 95% CI: 1.04, 7.33), múltiplas cirurgias abdominais (OR: 4.21; 95% CI: 1.18, 19.90), tempo desde a cirurgia ( >30 meses, OR: 0.003; 95% CI: 0.0004, 0.02), e tamanho da abertura (para aumento de 1 mm, OR: 1.12; 95% CI: 1.02, 1.24). Não foram encontradas provas suficientes de relações esperadas com fatores como o tabagismo, a quimioterapia e/ou a radioterapia pélvica, o estilo de vida e os fatores de atividade.
Conclusões Este estudo contribui para aprofundar a compreensão das relações entre os fatores de risco conhecidos, de modo a informar a prática dos enfermeiros de estomaterapia na prevenção de uma hérnia paraestomal.
O índice de massa corporal elevado, a infeção pós-operatória, as cirurgias múltiplas, o diâmetro largo do estoma e um tempo desde a cirurgia inferior a 30 meses aumentaram o risco de hérnia paraestomal; outros fatores não atingiram significância, provavelmente devido à utilização de uma amostra com insuficiente poder.
A possibilidade de repetir este estudo reforçaria ainda mais as provas necessárias em relação aos fatores de risco mais importantes.